E foram nas 40 semanas e 4 dias que a aventura do parto começou, um momento ao qual me preparei um bom tempo antes. O meu primeiro questionamento sobre parto veio no terceiro mês de gestação quando
a ginecologista do plano de saúde me perguntou que tipo de parto eu queria. Até ali eu não me preocupava com isso, na verdade nem havia passado pela minha cabeça. Então eu respondi “o que for possível no momento”. Ela abriu um sorriso e me disse que faria o que melhor para mim e para o bebê. A partir daí comecei a conversar com as colegas grávidas no consultório para saber qual o tipo de parto que elas desejavam e eu sempre tinha a mesma resposta “vou fazer césarea”. Daí pensei “se a maioria faz césarea como vou ter um parto normal se quiser?”. Continuei com as consultas com essa GO que ficava perto de casa até que no quinto mês fui informada que ela havia sido desligada do plano de saúde. De início fiquei em choque mas depois eu pensei “este é o momento de procurar novas opções”. Nesse intervalo de tempo duas amigas dos tempos da faculdade em Minas pariram naturalmente e foi aí que eu comecei a acreditar que isso era possível. As vezes nos deixamos levar pelo “ver pra crer” mas ainda não sabia como isso ia acontecer comigo estando a 600 km de distância dos meus exemplos (elas moram em BH e eu em SP). Foi aí que eu me lembrei de uma colega dos tempos do pós doutorado que era engajada com o assunto de parto humanizado. Em uma conversa ela me indicou o GAMA (Grupo Maternidade Ativa) e a partir daí se deu minha busca pelo mundo do parto humanizado. Se antes eu não assistia vídeos de partos por medo ou pelo que me diziam que eu estava sofrendo por antecipação, a partir desse dia eu via todos que podia. Assistia partos de todo tipo: na água, em casa, na casa de parto, no hospital, na banqueta, na cama, de cócoras e por aí vai. Lia relatos de parto como se buscasse informações científicas para a confecção de um artigo. A avidez de informação era tanta que eu perdi o contato com a TV nas horas vagas. Talvez pela minha formação acadêmica, no qual se baseia também em evidências científicas, eu me encontrei no parto humanizado. Além de me tornar protagonista de todo o processo eu ainda saberia o que esperar do parto. Não fantasiei nada, sempre dizia que queria algo respeitoso a minha vontade. Foi um mês de muita informação e questionamentos internos, até que eu tive que escolher outra obstetra afinal a GO não atendia mais pelo plano e ainda, não tinha perfil que ia fazer o parto como eu queria, com o mínimo de intervenções possível. Naquele momento compreendi que precisava sair do sistema convencional que o meu plano oferecia (consultas com GO do plano e parto com plantonista do hospital) para uma equipe particular. Peguei uma lista de obstetras humanizados no GAMA e fui pesquisar cada um deles. Vi currículos, li relatos e fui construindo um banco de dados para embasar minha escolha. No fim cheguei a três nomes, dentre eles a Dra. Juliana Sandler, minha escolha final. Meus olhos brilharam quando vi fotos do parto domiciliar dela e do Dudu. Liguei e marquei uma consulta, já no 7o mês de gestação. Foi uma grata surpresa ao conhecê -la e da forma que fui atendida. Se antes a médica do plano me deixava até 2h esperando no consultório para uma consulta de apenas 10 minutos, a Ju era pontual e ainda eu podia perguntar tudo e ainda ficávamos conversando. Foram tempos sem pressa, de muito esclarecimento e de criação de vínculo. Well this best homework service coming summer, one private university will be trying something very new to answer that question; Foi ela quem me indicou a obstetriz Cristina Balzano, que logo no primeiro contato percebi que ia fazer diferença no meu parto. Na verdade todas fizeram, a sua maneira. Para completar a equipe de sucesso nós conhecemos a doula Ingrid Kuhn que, logo de início, já tivemos uma empatia por ela. Digo nós, pois nesse processo meu esposo já estava engajado. E foram algumas conversas, exames e chegaram as 37 semanas. Eu já estava preparada para o grande dia mas ele demorou um pouco pra chegar. Foi difícil administrar a ansiedade dos outros. Até as 40 semanas eu estava tranquila, não tinha o que fazer além de esperar. Às vezes me batia aquela dúvida se o que eu queria ia dar certo, mas lembrava dos inúmeros relatos de bebês nascidos até na 42a semana, o que me acalmava. E a 40a semana chegou, junto com um arsenal de informação caso ela não viesse naturalmente até quase a 42a semana. Eu como sempre já estava me preparando para outros cenários para não me decepcionar com o fim do processo. E foi numa madrugada de quinta feira que começou de repente o trabalho de parto. No dia anterior havia saído um pouco do tampão mucoso mas eu sabia que o parto poderia chegar em horas ou dias. A jornada se iniciou as 2:49h quando eu acordei com uma dor aguda na barriga parecendo cólica menstrual forte. Como não tinha ritmo eu pensei que fossem as falsas contrações e nem acordei meu esposo. Fui direto pro chuveiro pra ver se elas paravam ou tomavam ritmo. Foi um delicioso banho quente, que durou apenas 15 minutos pois o chuveiro queimou. Corri e liguei o aquecedor central da casa para ter água quente novamente e fiquei andando pelo quarto. Com meus estudos aprendi que o importante é encontrar um meio de aliviar a dor, seja em pé, deitada, sentada, andando etc. Às 5h resolvi acordar meu esposo pra me ajudar com a cadeira debaixo do chuveiro que estava no andar de baixo. E voltei pra lá onde fiquei por um bom tempo. Às 6h eu chamei a doula pois as contrações estavam com ritmo de 5 em 5 minutos e duração de 45s a 1 minuto. Ela chegou rapidamente e foi onde eu senti na pele toda a importância da doula no parto que eu já tinha lido em diversos relatos. Ela fez uma maravilhosa massagem nas costas, aliviando a dor e tensão e me arrumou uma bolsa de água quente que virou minha melhor amiga naquele momento. Poucas horas depois a Cris chegou e constatou: 4cm de dilatação. Eu pensei “é hoje! “. Ela ficou um tempo para ver a evolução mas nada evoluiu em 1h. Ela então foi embora e voltou algumas horas depois. Novamente fui examinada e após 4h o quadro não havia evoluído pra minha surpresa (eu pensava que já estava com pelo menos 6 cm de dilatação). Ela fez um novo exame de toque e me sugeriu uma massagem interna para remover uma fibrose que estava atrapalhando o progresso da dilatação. Depois de mais quatro horas a dilatação evoluiu para 6 cm. Só pensei “coisa boa, logo verei minha menina!”. Nisso já eram quase 20h de quinta. O tempo passou voando, apesar das dores eu não estava sofrendo e ainda, tinha mais forças pra mais um dia se precisasse (acho que isso veio da resistência que criei por malhar na academia até uma semana antes do parto). Com o trânsito mais calmo resolvemos ir pra maternidade (ainda não estava pronta para parir em casa, afinal não tinha comprovação que era uma boa parideira). Foram 30km feitos em pouco mais de 40 minutos, com a doula na direção e meu esposo e eu no banco de trás. Chegamos na maternidade para fazer a internação e a atendente disse “ah, vocês não tem o procedimento agendado? Tem que pegar a ficha da emergência”. Eu quase dei uma voadora nela, pois como eu ia adivinhar a data do parto pra marcar com antecedência. Enfim, fui encaminhada para uma sala de admissão no qual me fizeram muitas perguntas e nos encontramos com a Dra. Juliana. Ela como sempre calma e com um sorriso no rosto. Me fizeram um exame de cardiotoco pra ver se estava tudo bem e iam me encaminhar para a sala de pré parto depois que o plano de saúde autorizasse a internação. O processo demorou mais ou menos 30 minutos e eu quase fui encaminhada novamente para a recepção. Nesse ponto eu já estava meio que um bicho, não tinha paciência com as perguntas da enfermeira e quando me disseram que eu ia pra recepção eu me recusei a sair dali. Depois me levaram pra sala de pré parto enquanto alguma delivery (sala de parto humanizado) esvaziava. Sim, no momento da minha chegada tinha uma vaga mas quando eu ia fazer a ficha apareceu uma grávida parindo dentro do carro e foi encaminhada pra lá. Foram quase duas horas de espera até surgir a vaga na delivery. Quando entrei lá fiquei emocionada pois a hora final estava chegando eu ia consegui ter o parto respeitoso e com os acalentos que eu queria. Fiz mais um exame de toque para ver a evolução na dilatação e pra minha surpresa estava com 7 cm apenas. Como a dilatação ainda estava evoluindo devagar, a dra sugeriu estourarmos a bolsa para o processo andar mais depressa, afinal eu já estava com contrações a mais de 20h. Eu senti que estava fazendo xixi sem controle, uma grande quantidade de líquido quente. Fui para o chuveiro para aliviar a dor e em conjunto fazia movimentos com a bola de pilates. A partir desse momento eu perdi a noção da hora, parece que entrei na partolândia. Eu pedi para ir pra banheira e pouco depois estava lá aliviando a dor que só aumentava. Nessa hora eu confesso que pensei “por que não pedi anestesia antes”. Mas como os efeitos poderiam atrapalhar no andamento do parto a ideia só passou pela minha cabeça, não saiu pela minha boca. Fiquei na banheira por um bom tempo, recebendo massagem da doula e relaxando nos intervalos das contrações que já estavam quase constantes. Depois de um tempo veio a vontade de fazer força e a cada contração eu fazia uma a duas forças longas. Não me lembro quanto tempo fiquei assim mas foram várias vezes em que tive que fazer força. Um certo momento senti uma dor mais forte e a cabeça dela descendo. Meu esposo pegou um espelho para eu ver quando a cabeça saísse mas eu não consegui ver muita coisa, pois me concentrava nas contrações e relaxava nos pequenos intervalos. E assim nasceu nossa Elisa, primeiro saiu a cabeça e com mais duas contrações, o corpo. O mais incrível é que eu não senti dor nesse momento e percebi que ela tinha saído quando vi meu esposo emocionado. Ali o tempo parou e eu só queria ficar com aquele bebê quentinho olhando pra mim, mas em poucos minutos me levantei com a ajuda da equipe e fui para a maca para o nascimento da placenta. Após uns 3 minutos eu senti a placenta descer e logo após o cordão umbilical parar de bater ele foi clampeado e meu esposo cortou. Fui examinada e não tive laceração grave, o que me livrou de pontos na região do períneo. Fiquei ali observando os primeiros cuidados com a bebê sendo que somente aplicaram a vitamina K. Ela não foi aspirada, nem pingaram o colírio de nitrato de prata. Ficamos na delivery por algumas horas esperando a liberação do quarto e enquanto isso ela ficou ali aquecida no meu colo, calma e ainda mamou bastante naquelas primeiras horas. Durante todo o período que ficamos no hospital ela esteve aos meus olhos, seja no quarto onde passou a maior parte do tempo ou no berçário quando era examinada pela pediatra do plantão. Enfim, tive o parto que desejei e não me tornei apenas mãe, mas também protagonista do nascimento da pequena (nem tão pequena assim, com 3,5kg e 50 cm) Elisa.